O Montante Total Imputado ao Consumidor (MTIC), pode parecer um conceito assustador para quem está a começar a pesquisar sobre créditos bancários, mas, na verdade, pode ajudá-lo a poupar se estiver realmente a pensar pedir um empréstimo.
Na hora de comparar propostas de crédito tenha em atenção não só à prestação mensal, como também ao custo total – o MTIC. Assim, poderá comparar as várias propostas e escolher a mais barata.
Saiba o que significa o MTIC, como calcular o seu valor e como é que este o pode ajudar a escolher a simulação que melhor se adapta às suas necessidades.
O Que é o MTIC?
Presente em todos os contratos de crédito e simulações, o MTIC é a sigla para o “Montante Total Imputado ao Consumidor” e representa o valor total que o consumidor terá de pagar à entidade privada de crédito pelo empréstimo. Esse valor é a soma do montante total financiado e os custos associados ao crédito, posteriormente diluído em prestações mensais.
Legalmente tem de estar presente em todos os contratos de crédito ao consumo e crédito habitação, assim como nos simuladores online das entidades.
Como é Feito o Cálculo do MTIC?
O MTIC, que já sabemos que é o custo total do empréstimo, resulta da soma do valor do empréstimo e de todos os custos associados ao crédito:
MTIC = Montante do Empréstimo + Custos do Crédito
Isto significa que se pedir um crédito rápido online no valor de 5.000 € e o MTIC for 8.000 €, irá pagar os 5.000 € que pediu, mais os 3.000 € relativos a todos os encargos relacionados ao empréstimo.
Os encargos podem ser:
- Taxas de juro, como a TAN e a TAEG;
- Comissões bancárias;
- Impostos;
- Seguros;
- Taxa de amortização;
- Spread (no caso dos créditos habitação).
Mas não se preocupe com o cálculo do MTIC, pois este é feito automaticamente quando lhe apresentam uma proposta de crédito, e é a entidade financeira que tem a responsabilidade de confirmar o valor final antes da assinatura do contrato.
O MTIC é indicado na informação pré-contratual que o banco é obrigado a prestar aos clientes antes da aceitação da proposta de crédito, ou seja:
- Na FIN (Ficha de Informação Normalizada) de um crédito ao consumo, na secção “Custo do Crédito” e na área do “Plano Financeiro do Empréstimo”.
- Na FINE (Ficha de Informação Normalizada Europeia), no caso de crédito à habitação ou outros créditos garantidos por hipoteca, na secção “Principais Características do Empréstimo”, no campo “Montante Total a Reembolsar”.
Para além do MTIC, a FIN ou FINE contêm toda a informação acerca da proposta de crédito: a identificação do cliente, características do contrato de crédito, comissões dos custos associados ao contrato, prazo e outras informações específicas.
Quais os Principais Fatores Que Fazem Oscilar o MTIC?
As taxas de juro, comissões e encargos que vai pagar podem ser influenciados por diversos fatores que vão aumentar o custo final do empréstimo.
Antes da assinatura do contrato:
- Comissões e Custos Adicionais: alguns créditos incluem comissões e custos adicionais como seguros e comissões de abertura, que fazem aumentar o valor total do empréstimo.
- Montante Solicitado: quanto maior o valor total do empréstimo, maior será também o MTIC.
- Prazo de Pagamento: o prazo de pagamento também pode influenciar o valor do MTIC. Um prazo mais longo, significa mais prestações mensais e, consequentemente, mais juros.
- Alterações nas Condições de Mercado: as condições de mercado podem mudar ao longo do tempo, tendo influência direta nas taxas de juro e nos custos associados, resultando no MTIC mais elevado.
- Subscrição de Outros Produtos Financeiros: o MTIC também poderá oscilar consoante a existência ou não de subscrição de outros produtos financeiros, como seguros, cartões de crédito ou investimentos, por exemplo.
Já durante o contrato, o MTIC também está suscetível a ser alterado devido a diversos fatores:
- Taxas Variáveis: Caso se trate de um contrato de crédito com taxas de juro variáveis em vez de taxas fixas, o MTIC sofrerá alterações ao longo do tempo, acompanhando a descida ou subida das taxas de juro.
Por exemplo, num crédito à habitação, indexado à taxa Euribor, o MTIC torna-se meramente indicativo, tendo em conta que a prestação mensal regulada pelas taxas de juro estará dependente das oscilações do mercado.
As variações no Montante Total Imputado ao Consumidor vão acontecer sempre que as taxas forem retificadas, o que acontece periodicamente em 3, 6 ou 12 meses, dependendo do contrato que tiver assinado com a entidade.
No caso dos créditos ao consumo, como, por exemplo, os créditos pessoais online ou os créditos consolidados, as taxas costumam ser fixas, por isso o MTIC não será afetado pelas alterações nas taxas de juro.
- Juros de Mora: Se o pagamento de um crédito não for cumprido da forma estipulada, o incumprimento pode resultar no pagamento de juros de mora. Esses juros são uma penalização que acresce ao montante que tinha por liquidar, o que resulta num MTIC mais elevado.
- Alterações nas Condições do Empréstimo: No caso das condições do empréstimo mudarem durante o contrato, o MTIC deverá mudar também.
Em Portugal, desde novembro de 2022, devido à subida da inflação, os bancos facilitam a renegociação dos créditos bancários sem agravamento das taxas de juro ou cobrança de comissões, de forma a permitir às famílias o cumprimento dos pagamentos.
- Custos de Amortização: se o cliente pretender amortizar um crédito de forma parcial, em alguns contratos terá de pagar uma comissão pela amortização que no caso dos créditos ao consumo pode chegar aos 0,5% do valor a amortizar.
Como Analisar o Melhor MTIC do Mercado?
Como já percebeu, o MTIC é um valor a ter em conta na hora de escolher entre diferentes instituições bancárias, para poder evitar gastar mais do que o necessário e optar pela opção mais barata.
Para o ajudar, existem diversos simuladores online de crédito que permitem analisar as várias ofertas do mercado de forma imediata, comparando de forma clara e simples o MTIC, a TAEG, o valor da prestação mensal e o spread de várias entidades.
Quando estiver a comparar várias simulações pondere todos os elementos do custo do crédito, tenha em atenção a TAEG (Taxa Anual de Encargos Efetiva Global), que engloba todos os custos do crédito em percentagem anual do montante do empréstimo.
A proposta com a TAEG e o MTIC mais baixos será aquela que representará menos custos de empréstimo.
Pode ainda pedir uma mudança para outra instituição bancária se encontrar um banco que ofereça melhores condições durante o período do contrato.
Procure sempre as melhores condições possíveis, mas verifique qual a simulação que a representa o MTIC mais baixo, porque isso significa que irá pagar menos à instituição bancária na totalidade.
Deve ter em conta, igualmente, o valor da prestação mensal. A situação ideal é conjugar o melhor MTIC com a prestação mais baixa, de forma a pagar menos no total e não precisar de fazer um grande esforço todos os meses.
Exemplo:
O João e a Inês pediram 18.000 € em 50 meses para comprarem um automóvel. Para este financiamento as taxas e o MTIC de dois bancos diferentes são os seguintes:
Banco A
- TAN de 7,000%;
- TAEG de 8,5%;
- Valor mensal do crédito – 418,44 €;
- MTIC de 21.238,80 €
- Valor em juros e encargos: 3.238,8 €
Banco B
- TAN de 4,50 %;
- TAEG de 7,5%
- Valor mensal do crédito – 396,94 €
- MTIC de 20.772,17 €
- Valor em juros e encargos: 2.772,17 €
O João e a Inês compararam a simulação dos dois bancos e decidiram avançar com a proposta do Banco B porque era mais barata e permitia pouparem 466,63 €.
Como Reembolsar o Montante Total em Dívida (MTIC)?
É verdade que o banco negoceia com o cliente um determinado prazo de pagamento e número de prestações, mas isso não quer dizer que este não possa solicitar a alteração das condições do empréstimo, optando por pagar a totalidade do MTIC, ou parte dele, antes do prazo.
Portanto, pode reembolsar antecipadamente o empréstimo, de forma parcial ou total, desde que notifique a sua instituição bancária via um aviso prévio de 30 dias, por carta ou outro suporte duradouro como o e-mail.
No que concerne aos créditos ao consumo, caso o reembolso ocorra durante um período em que a taxa de juro seja fixa, o cliente pode ter de pagar uma comissão que não pode exceder os 0,5% do montante do capital reembolsado, se faltar mais de um ano para a conclusão do contrato de crédito, ou os 0,25%, se faltar um ano ou menos.
No caso dos créditos revolving, como os cartões de crédito, o consumidor está isento de pagamento de taxas de amortização.
Caso haja um reembolso antecipado total, os clientes têm direito a que lhes seja entregue um documento que extinga qualquer garantia associada ao empréstimo, como uma hipoteca sobre um automóvel, por exemplo.
Em algumas instituições de crédito, quando o consumidor pretende fazer uma amortização ou reembolso antecipado do empréstimo de forma parcial, poderá escolher entre diminuir a prestação mensal, mantendo o prazo de pagamento, ou, em alternativa, diminuir o prazo de pagamento e manter a prestação mensal.
Se tiver oportunidade de reembolsar um crédito na totalidade de forma antecipada, estará a poupar muitos meses de juros, o que terá impacto no montante total do empréstimo.
Pontos a Reter
Muitas das vezes o consumidor procura o crédito que permita ter a prestação mais baixa para o financiamento pretendido, ignorando o endividamento que irá criar por escolher prazos de pagamento tão elevados.
Por isso, é importante olhar para o custo que o crédito irá ter no nosso orçamento mensal a longo prazo.
Esse custo varia não só através do prazo de pagamento pretendido, mas também pelas taxas de juro aplicadas, comissões e custos inseridos no contrato, finalidade do crédito pretendido, entre outros fatores – fatores estes que estão todos inseridos no Montante Total Imputado ao Consumidor.
Assim, mesmo que o consumidor pretenda um empréstimo urgente para hoje, deverá utilizar o MTIC como uma das principais métricas para avaliar se o contrato que tem em mãos é de facto o melhor do mercado.
Perguntas Frequentes
O Que é o MTIC?
O MTIC, sigla para Montante Total Imputado ao Consumidor, representa o valor total que o consumidor terá de pagar à entidade financeira pelo empréstimo. Esse valor é a soma do montante total financiado e os custos associados ao crédito, posteriormente diluído em prestações mensais.
O que faz oscilar o custo total de um crédito?
Os principais fatores que fazem oscilar o preço total de um empréstimo (MTIC) é o montante solicitado, o prazo de pagamento pretendido, taxas de juro aplicadas e os custos e comissões possíveis a pagar. Além disso, no caso do contrato ser de taxa variável, devido à Euribor, as condições do mercado poderão fazer oscilar significativamente o custo total que o consumidor terá de pagar pelo financiamento solicitado.
Como ter acesso ao MTIC de um crédito?
O MTIC é um dado que as entidades financeiras de crédito são obrigadas por lei a fornecer ao cliente sempre que este faça uma simulação online de um crédito. Esse valor pode ser consultado na própria simulação ou através da FIN (Ficha de Informação Normalizada) onde consta todos os custos e características do crédito.
Como reembolsar Montante Total em Dívida?
O consumidor pode reembolsar uma dívida que tenha com uma dada entidade financeira mediante uma amortização parcial ou total. Para o fazer terá de avisar a credora num prazo mínimo de 30 dias e em alguns casos poderá ter de pagar uma taxa de reembolso de até 0,5%.
Caso o objetivo seja deixar de estar vinculado a uma determinada entidade e não tem como pagar a dívida em causa, poderá solicitar uma consolidação de créditos numa entidade financeira concorrente. Esta nova entidade irá liquidar a dívida com a credora antiga e passar a dívida para seu nome.
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